Módulo 3.

Promovendo uma cultura de inovação e criatividade

Quando um projeto é posto em prática dentro de uma comunidade, as ideias começam a fluir; surgem perguntas, são propostas metas e emergem necessidades. Com o tempo, todos esses elementos começam a se entrelaçar, conectando-se de maneiras significativas para moldar um objetivo comum. E então chega aquele momento emocionante: é hora de decidir como vamos fazer isso acontecer e quais ferramentas usaremos para dar vida ao projeto.

Este módulo convida-o a refletir sobre como promover uma cultura de inovação baseada na escuta atenta, na criatividade e na valorização do conhecimento local. Apresenta fundamentos teóricos e caminhos práticos para fomentar a inovação tanto em contextos comunitários como institucionais, com foco na criação de espaços de inovação estruturados, transparentes e participativos. O módulo aborda metodologias colaborativas, práticas de gestão participativa e ferramentas digitais como Padlet, Miro, Trello e ClickUp, que apoiam o registo e o acompanhamento de ideias. Também propõe a criação de espaços físicos e virtuais de cocriação, fortalecendo os laços, o sentimento de pertença e a ação coletiva. No final, será convidado a imaginar e desenvolver ações inovadoras com a sua comunidade, respeitando o território, o património cultural imaterial e os valores colaborativos.

Fig. 1. Folgarosa vai ao Museu de Arte Popular Portuguesa, Performance e inauguração da obra coletiva de Folgarosa. Fonte: Gil de Lemos, museunaaldeia.pt/obras/folgarosa-vai-ao-museu-de-arte-popular-portuguesa.

Capítulos

Introdução

Este módulo apresenta estratégias para promover uma cultura de inovação em comunidades rurais por meio da escuta atenta, da criatividade e da valorização do conhecimento local. Ele apresenta ferramentas digitais e métodos participativos que podem apoiar o processo, juntamente com um estudo de caso inspirador. Ao final, espera-se que você se sinta motivado a desenvolver ações inovadoras e sustentáveis com a sua comunidade.

Cultura de inovação e criatividade

Neste capítulo, refletimos sobre os conceitos e significados da promoção de uma cultura de inovação em contextos comunitários. Para além das tecnologias e novas tendências, a inovação surge da escuta atenta, da experimentação e do reconhecimento do conhecimento local. Será convidado a explorar o potencial criativo dentro da sua própria comunidade e a compreender a inovação como uma prática coletiva e colaborativa profundamente enraizada no território.

Organizar um espaço inovador na comunidade

Este capítulo convida-o a refletir sobre como criar espaços — físicos ou digitais — que promovam o surgimento da inovação. Mais do que apenas infraestrutura, esses espaços exigem escuta, confiança e inclusão. Serão discutidas estratégias para transformar ambientes cotidianos em locais de encontros criativos e participativos. Também será apresentada a proposta de criar um Departamento de Inovação dentro das instituições, como forma de institucionalizar práticas inovadoras e promover uma participação estruturada, colaborativa e sustentável.

Métodos para estimular a inovação coletiva

Neste capítulo, irá explorar metodologias participativas que ajudam a transformar ideias em ações. Ferramentas como design thinking, mapas de empatia e workshops de cocriação são apresentadas como formas de incentivar a colaboração e a construção coletiva de soluções. Iremos refletir sobre como adaptar esses métodos às realidades de cada comunidade, respeitando o conhecimento e as práticas locais.

Ferramentas digitais e plataformas de inovação

Este capítulo apresenta ferramentas digitais que apoiam a organização, monitorização e colaboração de projetos inovadores. Os recursos apresentados incluem Padlet, Miro, Trello e ClickUp, que são úteis para registar ideias, planear ações e incentivar a participação coletiva. Também explora o papel estratégico do Departamento de Inovação na mediação desses processos, garantindo que as propostas não se percam, mas evoluam com transparência e responsabilidade compartilhada. O uso da tecnologia deve ser adaptado aos contextos locais e sempre servir à inclusão, à escuta ativa e à cocriação.

Sustentabilidade, colaboração e aplicação prática

Este capítulo reflete sobre como tornar a inovação viável e duradoura. Aqui, a sustentabilidade não se limita ao uso consciente dos recursos, mas também envolve ouvir as pessoas, respeitar o conhecimento local e criar soluções que façam sentido para aqueles que vivem no território. A colaboração entre diferentes atores sociais é apresentada como um elemento-chave para transformar ideias em práticas contínuas.

Estudos de caso

Nesta secção, exploraremos dois estudos de caso que refletem perfeitamente o conteúdo abordado neste módulo. Através deles, descobriremos dois exemplos bem-sucedidos de inovação e criatividade em contextos sociais específicos: o projeto Museu na Aldeia, de Portugal, e o Concomitentes, da Espanha.

Museu na Aldeia, Portugal

Fig. 3. Grande-Encontro, espetáculo musical apresentado pela equipa. Fonte: Gil de Lemos,

O projeto “Museu na Aldeia”, realizado em Portugal, ilustra como os museus urbanos podem se conectar de forma sensível com as comunidades rurais. A iniciativa começou com uma pergunta provocativa: e se o museu fosse até as pessoas? A partir desse ponto de escuta ativa, surgiram workshops, rodas de conversa e criações artísticas — enraizadas nas memórias, afetos e conhecimentos locais.

Em vez de fornecer conteúdo pré-embalado, o projeto atua como um mediador entre instituições e territórios, promovendo trocas horizontais e relações de confiança. Em linha com a ideia de “inovação museológica participativa” (Eid & Forstrom, 2021), ele rompe com a lógica vertical das práticas culturais e abraça a coautoria.

O «Museu na Aldeia» demonstra que a inovação pode ser simples: ouvir, acolher e criar com o que já está presente. É um exemplo poderoso de como uma cultura de inovação pode surgir do afeto, da escuta profunda e da colaboração genuína com as comunidades.

Concomitentes, Espanha

Fig. 4. Futurefarmers como artistas selecionados por «Os contos do leite». Fonte: Ana Escariz Pérez e Ana Moure Rosende

A Concomitantes faz parte de uma rede europeia de organizações que promovem e financiam projetos comunitários que conectam uma comunidade, cidade ou grupo civil com artistas para realizar ideias que respondem às necessidades e objetivos desse grupo.

Este projeto demonstra como desenvolver iniciativas inovadoras com a criatividade como princípio orientador.

Ferramentas de autoavaliação

Questões de autorreflexão

Q1

Pense nos espaços à sua volta que promovem a inovação e a criatividade

Q2

Já se perguntou de onde vêm as ideias que realmente transformam uma comunidade?

Q3

Já participou numa conversa simples em grupo que deu origem a uma ideia poderosa?

Q4

Como podemos garantir que uma ideia inovadora não se perca pelo caminho?

Q5

Como podemos incentivar uma cultura de inovação numa comunidade?

Teste de autoavaliação

Referências

Barbier, R. (1998). A escuta sensível na abordagem transversal. In J. Barbosa (Ed.), Multirreferencialidade nas ciências e na educação (pp. 168–199). UFSCar.

Chesbrough, H. (2003). Open Innovation: The new imperative for creating and profiting from technology. Harvard Business School Press.

Demo, P. (2021). Educar pela pesquisa (10th ed.). Editora Autores Associados.

Eid, H., & Forstrom, M. (Eds.). (2021). Museum innovation: Building more equitable, relevant and impactful museums. Routledge, Taylor & Francis Group.

Freire, P. (2005). Pedagogy of the oppressed (30th Anniversary Ed., M. B. Ramos, Trans.). Bloomsbury Publishing.

Lambert, J., & Hessler, B. (2018). Digital storytelling: Capturing lives, creating community (5th ed.). Routledge.

Ostrom, E. (2012). Governing the commons: The evolution of institutions for collective action. Cambridge University Press.

Primo, J., & Moutinho, M. C. (Eds.). (2021). Teoria e prática da Sociomuseologia. Departamento de Museologia, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Tenório, F. G. (1998). Gestão social: Uma perspectiva conceitual. Revista de Administração Pública, 32(5), 7–23.

 

Fontes adicionais

museunaaldeia.pt

concomitentes.org

nouveauxcommanditaires.eu

neueauftraggeber.de

atitolo.it

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